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O futuro é verde! Como as empresas são figuras centrais no contexto de mudanças climáticas

Busca por novos modelos de produção que impactem menos o ecossistema é cada vez mais fundamental para a sobrevivência dos negócios.

As notícias sobre catástrofes naturais ganham cada vez mais destaque nos jornais e nas redes sociais. Nuvens de poeira, secas e temperaturas extremas nos indicam diariamente que estamos vivendo hoje uma crise ambiental de escala planetária com consequência locais.

Neste contexto, se as empresas e os mercados são, por um lado, figuras chave para entendermos as causas dos problemas atuais; por outro, também o são para pensarmos e conduzirmos novos modelos de produção mais sustentáveis.

É isto que explica a jornalista e empresária Rita Nardy, co-fundadora da Societá Consultoria, empresa especializada em assessorar organizações sobre questões socioambientais.

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCAR e doutoranda em Ciências da Comunicação pela USP, Rita pontua que existe hoje a expectativa que as empresas se comprometam e puxem a agenda sustentável para construção de novas formas de produzir, trazendo, assim, mudanças estruturais para a sociedade.

É o caso, por exemplo, da busca pela substituição dos combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo), comprovados cientificamente como altamente poluentes, pelas fontes energéticas renováveis, como a energia solar e a eólica.

Porém, para que essas mudanças se concretizem, ela lembra, é importante que as empresas estejam comprometidas com a inovação: “Assim, você tem a possibilidade de aplicar na prática esse novo jeito de produzir”.

Empresas começam a entender a importância da busca por novas fontes energéticas, como a eólica.

Riscos socioambientais são riscos econômicos

Ademais, engana-se quem pensa que os eventos climáticos não impactam diretamente os negócios, sejam eles quais forem. As mudanças de clima, como secas ou estiagens intensas, por exemplo, podem elevar preços de materiais, diminuir o potencial de produção de determinados locais e impactar em fatores socioeconômicos que podem mudar a capacidade de consumo da população.

Dessa forma, a consultora comenta que é essencial o reconhecimento por parte da empresa dos riscos ambientais como riscos econômicos. A avaliação da situação, então, é uma questão de sobrevivência para o empreendimento no futuro:

“Para que você continue competitivo como empresa, é necessário pensar nesses riscos e mudanças [ambientais e econômicos] em médio e em longo prazo para que você esteja adaptado quando eles chegarem.”

Essa situação também nos leva a entender que o negócio não está isolado da sociedade e do meio ambiente. Segundo Rita, a empresa faz parte de um ecossistema e do mesmo jeito que pode impactar, também é impactada. Entender que tudo está interconectado é a chave aqui.

No caso de um empreendimento de roupas ou até mesmo de bonecas de pano, por exemplo, um aumento de energia impacta diretamente tanto a produção do tecido como o seu transporte. “Existe uma coação de interdependência desses processos todos”, ela diz.

O caminho da sustentabilidade

Questionada se existe um modelo padrão que oriente a transformação sustentável dos negócios, a empresária afirma que o autoconhecimento e a transparência consigo e com os stakeholders podem ser úteis para todos, mas lembra que cada empreendimento é um caso específico.

Isso porque cada negócio precisa analisar onde estão os impactos positivos e negativos na sociedade e no meio ambiente, entendendo qual é e como funciona o próprio processo produtivo. Dessa forma, identificando quais são as grandes questões, é possível medir e agir efetivamente em relação a isso.

“É importante saber onde está o impacto, mensurá-lo e desenvolver um planejamento para que se incorpore as mudanças necessárias, isto é, para minimizá-los”, explica.

Aqui, torna-se fundamental entender, por exemplo, de onde vem a matéria do produto, como ela é extraída (se polui florestas ou rios), se há movimentação da comunidade local de produtores, como é feito o descarte das embalagens, etc.

Além disso, é fundamental que se crie governanças estruturadas para a manutenção sustentável dos processos. Isto é, desenvolvendo políticas, estatutos, formatos e fluxos que permitam a continuidade da mensuração e do controle dos impactos do negócio.

Assim, tanto a sociedade ganha como também o próprio empreendimento torna-se mais resiliente. “Você terá uma governança e relacionamentos melhores, desenvolvendo e potencializando a própria capacidade de avaliar riscos e oportunidades para o seu negócio”, conclui Rita.