Cores, formato e forma de uso são imprescindíveis na hora da escolha de um produto
Quando vi esta edição de As Mil e Uma Noites na prateleira de uma livraria, não me contive. Agarrei o box e corri para o caixa sem nem me importar o quanto custava. Naquele dia, percebi o quanto a boa apresentação de um produto pode aumentar as vendas. Mas é importante frisar que o design do produto não se resume à estética.
Um projeto de design bem feito deve ser amplo, abordando desde a escolha dos materiais mais adequados até a sua funcionalidade, ergonomia e desenho da embalagem. Bem como, estabelecer o diálogo com o público de interesse. Também entra neste conjunto: a facilidade que o cliente terá no transporte da mercadoria e como o logotipo se encaixará no conceito criado pelos profissionais responsáveis.
Todos estes itens devem constar no check list de um projeto bem planejado, porém sem a criatividade nada acontece. É com ela que o produto consegue alcançar uma estética única, se destacando da concorrência e deixando sua marca na memória dos consumidores.
Para tal, vou citar a Coca-cola. Os leitores que leram meu texto anterior sobre Branding, me permitam a repetição do exemplo desta empresa. Entretanto, é impossível deixar de fora uma marca que é avaliada no ranking das cinco marcas mais valiosas do planeta, atrás apenas da Apple e do Google, e que de quebra tem seus produtos consumidos em todo o mundo.
Desde o seu nascimento, é visível que a Coca-Cola sempre teve como objetivo se diferenciar dos seus concorrentes. Com isso, em 1916, surgiu a primeira garrafa ícone da empresa. Ela apresentava contornos suaves, se destacando das embalagens de outros refrigerantes. Ao longo de mais de 100 anos a empresa realizou apenas seis pequenas mudanças no seu logotipo, sendo um dos logotipos mais sólidos entre outras organizações.
Para além de se diferenciar dos concorrentes e eternizar a sua marca na lembrança dos consumidores, o design também é uma ferramenta relevante quando a empresa precisa se reposicionar no mercado, seja por um desgaste natural ou mesmo por alterações estratégicas do negócio.
A própria Coca já precisou rever seu posicionamento quando a procura por produtos com menos açúcar aumentou. No ano de 2015, fez um novo design das embalagens dos seus quatro produtos principais: Coca-Cola normal, Coca-Cola Life, Coca-Cola Zero e Coca-Cola Diet.
Outra marca que precisou se reinventar ao logo da sua história foi o Gatorade. A empresa começou a sua história no meio da década de 1960, quando a Universidade da Flórida encomendou um estudo para saber por que tantos jogadores da sua liga de futebol estavam tendo problemas de saúde relacionados ao calor.
Assim, os doutores Robert Cade, Dana Shires, James Free e Alejandro de Quesada descobriram que os atletas andavam perdendo muitos fluidos por causa do suor sem conseguir repor. Desta forma, foi descoberta a fórmula para a invenção do Gatorade, uma bebida que tem a proposta de restaurar equilibradamente os carboidratos e eletrólitos necessários para a prática de esportes.
Até meados de 1990, a bebida era comercializada em garrafas de vidro. Esta embalagem tinha a proposta de se diferenciar das utilizadas em sucos e refrigerantes da época. E assim foi vendida por décadas, até ser comprada pela Quaker.
A partir de 1995, a Quaker buscou ampliar a presença do Gatorade no mercado. Para isso, adotou o raio por cima de um rótulo verde, que combinou com as cores mais cítricas do próprio líquido. A ênfase do raio, ícone da marca, surgiu para enfocar ainda mais na ideia de energia. Neste período, pesquisas apontaram o crescimento do consumo de energéticos nos Estados Unidos. A ação não atingiu a meta de crescimento levando a marca adotar um redesenho do logotipo.
Então, foram realizadas mudanças na embalagem e nos rótulos. A ergonomia do produto foi pensada para ser mais fácil de ser segurada durante a prática de esportes e atividades físicas, sendo adicionando também um bico que projetasse uma saída direta do líquido. Quanto aos rótulos, deram mais destaque ao G e ao raio.
O reposicionamento da marca resultou em um aumento de 50% nas vendas dos produtos e um lucro de mais de 200 milhões de dólares para a empresa. O crescimento chamou a atenção de Pepsi, que comprou a marca Gatorade por um valor seis vezes maior do que o pago pela Quaker10 anos antes.
Deste modo, é preciso escolher corretamente as cores e formas para aplicar na apresentação do produto. Isto pode impactar na efetividade do seu negócio. Além disso, o projeto de design deve ser trabalhado de acordo com a região, pois o que pode funcionar em Natal, pode não ter a mesma eficiência em São Paulo, por exemplo. Portanto, agora que você já sabe sobre os benefícios do design de produto, está apto a utilizá-lo para fortalecer a sua marca e alavancar seus ganhos.