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Design japonês: a arte do implícito

Os designers japoneses são considerados os melhores do mundo e influenciam o ocidente

Na abertura das Olimpíadas 2020, em Tóquio, podemos observar toda a estética japonesa representada. Uma arena branca no gramado significava o monte Fuji de forma minimalista, uma atleta solitária correndo na esteira e a imagem da planta que nasce de uma semente luminosa. Dentro da grandiosidade desta estética, o design gráfico foi mencionado por homens fantasiados de pictogramas e coreografando movimentos dos esportes.

Toda a apresentação trouxe símbolos da cultura japonesa e evidenciou suas características, harmonia, minimalismo e simplicidade, muito referenciada pelos designers ocidentais. Outro traço forte presente na apresentação foi a mensagem oculta, na cultura deles é denominada de Yugen, que significa que sugerir é melhor do que revelar,

Tóquio representou a dor das perdas de um mundo pandêmico. A essência da filosofia do povo japonês se fez presente, usando mais o silêncio e menos ruído. Para eles, a mensagem é essencial. E ela dita e expressa na vida e na arte. Vejamos do que é feita esta estética tão mencionada em todo o mundo. 

A natureza é uma forte influência nessa cultura. Portanto, imperfeição, assimetria, números ímpares e desigualdade são traços marcantes nos desenhos deles, pois a perfeição e simetria não ocorrem na natureza. Neste caso, as flores são um símbolo que sempre esteve muito presente na cultura japonesa e ainda continuam a ser uma tendência no design gráfico japonês. 

Consequentemente, os designers as incorporam em seus designs sendo frequentemente vistas em embalagens, pôsteres, ilustrações e capas de livros. O objetivo é evocar emoções utilizando flores que são representativas da cultura deles. Em contraposição a natureza imperfeita, os padrões geométricos são usados para refletir harmonia e equilíbrio ou para representar formas que não são encontradas na vida real. 

Na cultura dos símbolos, o número de fontes é limitado. Porém, isso não é um fator negativo para a construção dos seus designs, ao contrário, o design gráfico japonês valoriza símbolos antigos e a arte tradicional, como a caligrafia (ou “shodou”, em japonês). 

Desta forma, o desenho de letras é uma arte na qual poucos alcançam um nível de maestria. Por isso, é comum ver desenhos japoneses com letras desenhadas e pinceladas, que combinam o clássico com o moderno.

Nas cores, eles sempre optam, pelas vivas como vermelhos quentes, dourados e pretos, sem deixar de fora os tons frios e pastéis. Sendo assim, neste estilo não há espaço para a experimentação de cor. As ruas de Harajuku e Shibuya traduzem esse estilho que é criar peças gráficas com caráter e energia, que nos lembrem da cultura japonesa bem presente.

Influência no Brasil

Por sua grandiosidade, o design asiático pode ser encontrado em diferentes mostras da CASACOR, publicação da empresa Abril especializada em arquitetura, design de interiores e paisagismo. Traduzindo estilos oriundos do Japão, Singapura e Tailândia as decorações mostradas pela revista mostram a elementos milenares, volumes equilibrados e um sesação de serenidade, ideal para dar uma acalmada na vida moderna, não é mesmo?

É possível detectar nestas mostras os conceitos de harmonia e minimalismo como fortes elemento da decoração. Somados a beleza da imperfeição dos materiais em sua forma natural, sem excessos. Tudo isto promovendo a sensação de profunda paz e tranquilidade.