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Mensagem para os sentidos: embalagem também é estratégia

Saiba como o design de rótulos pode chamar atenção, impactar emocionalmente o cliente e contribuir para o aumento das vendas.

No nosso atual mundo hiperconectado, no qual recebemos milhares de estímulos diariamente on e off-line, as marcas possuem pouquíssimo tempo para chamar atenção do público. Alguns especialistas, inclusive, dizem que isso acontece em segundos!

Neste contexto de alta concorrência e rapidez, as embalagens ganham novas funcionalidades além de envolver e garantir a qualidade do produto.

Agora, elas também são responsáveis cada vez mais por encantar e impactar visualmente o possível cliente, transmitindo-lhe mensagens cognitivas que visam a conexão emocional. Para isso, claro, é necessário muito estudo e olhar estratégico.

Como explica Gustavo Fernandes, gestor de marcas da 1516, a atração estética fundamentada principalmente em critérios emocionais, analisada e descrita na natureza há anos pelo pesquisador Charles Darwin, já é conhecida no mercado nacional como estratégia valiosa para sensibilizar, conquistar novos públicos e garantir sucesso de vendas.

Esta questão ganha respaldo, por exemplo, no estudo elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o qual aferiu que o consumidor contemporâneo está mais propenso a escolher, entre produtos semelhantes, aquele que for mais atraente aos olhos.

Como pavões, empenhados em exibir suas volumosas e coloridas penas para chamar atenção das fêmeas, as marcas também trabalham no desenvolvimento de embalagens esteticamente atraentes para os possíveis novos clientes.

Ainda de acordo com a pesquisa do CNI, os resultados dos esforços são claros: 75% das empresas que investiram em design registraram aumento nas vendas.

O valor no rótulo

Não é apenas a beleza que está em jogo. Por meio do design, também é possível transmitir no invólucro o valor agregado ao produto e à marca.

Um exemplo, pontua Gustavo, são as embalagens de estilo requintado, as quais dizem “silenciosamente” ao consumidor o que ele pode esperar daquele bem: luxo, elegância, qualidade, etc.

“Essas são mensagens cognitivas; não são necessariamente informações escritas na embalagem, mas informações estéticas”, comenta o empresário. “E cada critério visual escolhido dá ao consumidor um mapa do que ele pode esperar daquele produto“.

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De acordo com o gestor, diversos fatores colaboram para um plano bem estruturado: como o entendimento do público consumidor, do local/contexto de venda e da própria qualidade do produto.

Esta última, em específico, será responsável por “fechar a comunicação” aberta na prateleira do supermercado. Por isso, lembra Gustavo, não vale a pena realizar uma estratégia que esteja nem acima nem abaixo da qualidade do produto entregue. 

Por exemplo: se a identidade visual da embalagem for abaixo da qualidade do item, o cliente pode entender que a marca é mal administrada; se for acima, ele se frustrará e não voltará a comprar.

Assim, se por um lado, é possível exaltar os atributos positivos do item com uma boa estratégia. Por outro, uma má construção visual pode desalinhar não só o que se percebe do item e da marca, mas também a própria experiência de consumo.

A embalagem é a mensagem

Mesmo considerando os riscos dos desalinhamentos, ainda se sobrepõe o potencial de um bom rótulo e embalagem. Por meio deles é possível não só impactar visualmente o cliente, mas trazer algum estímulo sensorial que possa emocionar ou até mesmo resgatar uma memória antiga.

Este é o caso da linha vintage da marca carioca Granado que busca replicar nas embalagens o design utilizado entre as décadas de 20 a 70. Com isso, sabonetes, perfumes e shampoos ganham uma cara mais clássica, remetendo aos tempos antigos dos nossos avós.

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Segundo a empresa, a linha é uma das mais procuradas pelos consumidores por, justamente, remeter ao charme e à elegância das décadas passadas. Além de serem esteticamente aprazíveis.

Assim, fica mais fácil de entender a versatilidade de funções e aspectos que perpassam uma boa estratégia visual de embalagem. “Elas podem induzir as pessoas a acreditar, a sonhar; também podem passar histórias, emoções e até lembranças”, conclui Gustavo.

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